quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

NOVO

Em mim
Tudo diferente
De dentro em diante,
mente.
Pra fora,
chão.

INDIFERENTEMENTE

De longe vejo passar no rio um navio....
Vai Tejo abaixo indiferentemente.
Mas não é indiferentemente por não se importar comigo
E eu não exprimir desolação com isto...
É indiferentemente por não ter sentido nenhum
Exterior ao facto isoladamente navio
De ir rio abaixo sem licença da metafísica...
Rio abaixo até a realidade do mar.

Alberto Caeiro - Poemas Inconjuntos
AMOR MEU, se morro e tu não morres,
amor meu, se morres e não morro,
não demos à dor mais território:
não há extensão como a que vivemos.

Pó no trigo, areia nas areias,
o tempo, a água errante, o vento vago
nos transportou como grão navegante.
Podemos não nos encontrar no tempo.

Esta campina em que nos achamos,
oh pequeno infinito! devolvemos.
Mas este amor, amor, não terminou,

e assim como não teve nascimento
morte não tem, é como um longo rio
só muda de terras e de lábios.


Pablo Neruda - Cem sonetos de Amor

AUSÊNCIA

"Nem a poesia, amor
Na sua ausência quis me receber"

Vinícius de Morais/ Francis Hime