Sim, mas aqui estou sozinho.
Levanta-se
uma onda
que disse o seu nome, não compreendo,
murmura, arrasta o peso
de espuma e movimento
e se retira. A quem
perguntarei o que me disse?
A quem entre as ondas
poderei nomear?
E espero.
Próxima, de novo, está a claridade,
levantou-se na espuma
o doce número
e não soube nomeá-lo.
Assim caiu o sussuro:
deslizou-se para a boca da areia:
o tempo que destruiu todos os lábios
com a paciência
da sombra e com
o beijo alaranjado
do verão.
Fiquei sozinho
sem poder acudir ao que este mundo,
sem dúvida, me oferecia,
ouvindo
como se debulhava esta riqueza,
as misteriosas uvas
do sal, e dum amor desconhecido
e ficava no dia degradado
só um rumor
cada vez mais distante
até que tudo o que eu poderia ser
converteu-se em silêncio.
Pablo Neruda - Memorial de la Isla Negra